domingo, 15 de julho de 2012

Optam pela ilusão


As massas nunca tiveram sede de verdade.
Elas querem ilusões e não vivem sem elas.
Constantemente, elas dão ao irreal a precedência sobre o que é real; quase tão intensamente influenciadas pela mentira como pelo que é verdade.
Têm uma evidente tendência a não distinguir entre as duas.
(Sigmund Freud)

Strange. This is strange


Nesta sala estranha
Arquivo todos os meus dias em gavetas
Arquivos iguais,
Copias e mais copias.

Nesta sala estranha 
Passo todos os meus dias
Sentado nestas gavetas.

Nesta sala estranha 
Isolo-me das vivencias externa.
Nesta sala estranha 
Canto sozinho
Sobre os meus dias armazenados,
Sobre os meus dias mal representados. 

Nesta sala estranha
Tenho apenas aquela janela
do outro lado, uma outra sala estranha
Nesta outra sala
reflete um velho rapaz
entre nós, passam pessoas sobre as ruas
ruas sobre pessoas
Nesta sala estranha
há espaço de sobra
mas não sobra mais para mim
Nesta sala estranha
Passei toda a minha vida
representando-a em papeis
Pretendo queimá-los
Fugir desta sala estranha
Fugir destas ruas estranhas
Fugir das pessoas estranhas
Fugir do meu eu estranho


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Rock and Roll music!


(Já publiquei tudo isso antes, mas hoje é um dia adequado para republica-los)

A musica funciona para mim, basicamente como as drogas e o álcool funcionam para algumas pessoas. Ela me mantém dopado a maior parte do tempo e me priva da realidade. Faz o paralelo entro o mundo real e o surreal (embora o surreal às vezes aparente ser bem mais sensato). À musica faz-me lembrar que não estou completamente integrado a toda essa loucura.

"Por que eu nunca falei do Rock n Roll? 
Porque você não fala do Rock n Roll, você sente o Rock n Roll"


-Como as coisas começaram-


  Talvez o pontapé inicial para uma séria de mudanças que ocorreram em minha vida, tanto na forma de pensar como na forma de agir, tenha partido da “musica”.
(longa história)
  No passado, não que eu não gostasse de musica, mas não dava tanta atenção como dou  hoje. Isso porque os gêneros musicais que eu tinha acesso limitavam-se apenas aos que as pessoas ao meu redor escutavam e que alem de não me agradarem, de certa forma eu era obrigado a escutar.
  Até que em uma manhã ensolarada(entediada) de domingo, em que minha família estava reunida. - Eu particularmente nunca fui fã de reuniões em família, pois eram sempre iguais, as mesmas pessoas fazendo as mesmas coisas e ouvindo sempre as mesmas musicas-. Mas naquele dia as coisas seriam diferentes, o que iria acontecer parecia algo simples, mas seria o começo de grandes mudanças.
  Ao ligar a TV como de costume, esperando encontrar os mesmos programas “felizes de domingo”, tenho uma pequena surpresa, no lugar dos programas entediantes havia algo  “novo”, algo completamente diferente de tudo o que eu estava acostumado a ver ou ouvir. Um som rebelde e aquela rebeldia estava tomando conta de mim.
  Fiquei parado completamente estático enfrente a TV, até que alguém me chamasse atenção. Não lembro ao certo que musica ou banda estava tocando ali, pode ser até que eu já tivesse ouvido algo parecido, mas foi naquele dia que eu realmente fui apresentado ao Rock and Roll.
  Aquilo simplesmente não saiu de minha cabeça, eu queria mais. Não era tão simples para um garoto com 10-12 anos ter acesso a musicas como aquela, já que a cultura das pessoas que viviam comigo era outra e ia contra ao que eu queria.
  Com o tempo fui tendo mais acesso a musica, conhecendo pessoas, compartilhando de opiniões, não só na musica como também fui apresentado a uma filosofia de via completamente diferente, passei a questionar o sistema social em que eu me encontrava inserido, a partir daí uma série de mudanças ocorreram em minha vida.
Se hoje sou o que sou, parte de mim vem da musica

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"...vai acontecer por si só e continuará a acontecer..."


Se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração, da tua cabeça, da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.

se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.

se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.

não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
-devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.

quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.

não há outra alternativa.
e nunca houve.

(Charles Bukowski)

domingo, 8 de julho de 2012

Crippled Inside


Você pode engraxar os sapatos e usar um terno
Você pode pentear o cabelo e se aparentar bonitinho
Você pode esconder sua face atrás de um sorriso
Você pode vestir uma máscara e pintar o seu rosto
Você pode se chamar de a raça humana
Você pode usar um colarinho e uma gravata
Uma coisa que não podes esconder
É quando estás aleijado por dentro

Bem agora, você sabe que seu gato tem nove vidas
Nove vidas só para si
Você só tem uma
E uma vida de cão não é divertida
Mama, dê uma olhada lá fora

Você pode ir pra igreja e cantar um hino
Você pode me julgar pela cor da minha pele
Você pode viver uma mentira até morrer
Uma coisa que não podes esconder
É quando estás aleijado por dentro
(John Lennon - Crippled Inside)



(Perguntaram se parei com o blog, acho que ainda não. Não irei mais garantir postagens frequentes)